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''A natureza fez o homem feliz e bom, mas a sociedade deprava-o e torna-o miserável.'' - Rousseau
Representação social: Conceito que expressa uma ideia,proposição, crenças comuns, uma imagem mental de um dado fenómeno ou facto social, cuja origem é o senso comum, um saber feito de experiência e de vivências quotidianas, significando um modelo simplificado de interpretação (e avaliação) da realidade social segundo os padrões culturais próprios de uma sociedade e que variam espácio-temporalmente. O principal defensor e teórico desta noção foi o psicólogo social Serge Moscovici (1928-2014). As representações sociais são esquemas de pensamento, juízos, que qualificam as características dos grupos sociais quando se observam entre si. É uma forma de tornar familiar as realidades sociais que não o eram e funcionam como categorias que tornam inteligível e habitual o que não o era. Segundo Denise Jodelet as representações sociais são definidas, sinteticamente, como uma forma de conhecimento, socialmente elaborada e partilhada, tendo uma visão prática e concorrendo para a construção de uma realidade comum a um conjunto social. Os valores e os símbolos integram as representações sociais. Um símbolo é uma figura, signo, imagem ou objeto que substitui ou «está no lugar da coisa» (portanto, ‘representa’) a realidade concreta ou um ideal. Os valores representam o que um coletivo social considera ser estimável, correto, ou bem socialmente aprovado, estipulando as regras para as práticas sociais. As representações sociais expressam igualmente expetativas sobre o comportamento de certos grupos sociais e indivíduos, bem como uma certa ordem social desejada como estável e aceite pela maioria dos membros de uma comunidade. Não se deve confundir ‘representação social’ com ‘estereótipo’. Um estereótipo é uma forma de tipificar, de modo rígido e simplista certas características que atribuímos às pessoas, em função da sua idade, sexo, etnia, profissão, estado civil, região do país em que vive, etc. A forma como se «cristalizam» as representações sociais foram estereótipos, os esquemas mentais rígidos e que expressam vulgarmente uma visão superficial e distorcida da realidade e das pessoas que vivem numa sociedade. Os estereótipos podem ser rótulos negativos ou positivos, em todo o caso, são formas de discriminação social. Quando a discriminação é negativa e visa retirar liberdades, direitos, ferir a dignidade de pessoas ou de grupos, a base do estereótipo são preconceitos, isto é, ideias preconcebidas e injustificadas, acriticamente assumidas pelas pessoas. As representações sociais podem ser observadas empiricamente na vida social, por exemplo, nas marcas corporais (as tatuagens), que deixaram de ser símbolos de grupos sociais marginais, como os ladrões, presidiários e prostitutas, para se assumirem como ornamentos estéticos reveladores da personalidade dos indivíduos. O modo como a criança é representada socialmente variou ao longo do tempo e segundo os padrões culturais típicos. De um ‘adulto em miniatura’, a criança passou a ocupar um lugar e estatuto social próprio para crescer, um tempo para o seu desenvolvimento. O mesmo pode aplicar-se para a representação do jovem ‘adolescente’ e o reconhecimento do seu estatuto social e cultura juvenil. O modo como o trabalho é representado é igualmente variável consoante a idade ou o sexo: as mulheres jovens tendem a ver o trabalho como uma forma de realização pessoal, um valor final, ao passo que os jovens rapazes procuram no poder e na remuneração as principais características apontadas ao trabalho. Por sua vez, uma pessoa de meia-idade pode representar a ocupação laboral como um valor instrumental, o meio de subsistência familiar.
Relativismo cultural: ideia antropológica e sociológica segundo a qual todos os valores, normas e comportamentos são relativos a cada sistema cultural específico e aos seus padrões de cultura autóctones (originais, próprios). Os valores são relativos, quer dizer, ‘dependem de’, ‘assumem como referência’, porque são variáveis no espaço e no tempo, quer no interior de uma cultura, quer em relação a outras realidades culturais. O problema da relatividade dos valores culturais é a negação de critérios de avaliação das diferenças culturais com base em padrões objetivos e universais. Para os defensores do relativismo cultural, os valores são todos particulares, concretos, historicamente condicionados, legítimos e aceitáveis para os padrões culturais específicos de cada sociedade humana. E isto é problemático: impossibilita-nos de emitir juízos de valor sobre práticas e costumes que parecem ser, para um observador externo, de uma outra cultura, uma ofensa e realidades que deviam ser combatidas e eliminadas em nome de valores civilizacionais, morais e culturais objetivamente superiores. O risco de adotar uma atitude típica do relativismo cultural é a indiferença ou a suspensão de juízos críticos sobre tradições e costumes que violam de modo flagrante a dignidade humana.
Risco: Situações de perigo calculado, mas de efeitos incertos. Por exemplo, a BSE é uma doença cujo risco é conhecido mas cujos efeitos são incertos. O risco constitui um fator de mudança social.
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